segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Câncer de Tireóide


Não é um câncer muito comum.
A maioria dos tumores têm origem na célula folicular: carcinoma papilífero, que é o mais comum, e carcinoma folicular.
Os outros são: carcinoma medular da tireóide, carcinoma anaplásico (é o mais agressivo e mais comum em idosos) e o linfoma (tireoidite de Hashimoto).

Ø      A ativação de oncogenes da família ras está relacionada ao surgimento do carcinoma papilífero em indivíduos expostos à radiação.
Ø      O prot-oncogene RET quando ativado, participa do desenvolvimento do carcinoma medular da tireóide associado a neoplasia endócrina múltipla. Esta síndrome apresenta o carcinoma medular da tireóide, hiperparatireoidismo e feocromocitona.
Ø      Alterações nos receptores de tirosina quinase estão envolvidos no câncer da tireóide.
Ø      Mutação do gene supressor p53 é encontrada no carcinoma anaplásico.

Carcinoma Papilífero
- É o tumor mais comum da tireóide
- Está associado a pessoas expostas à radiação e crianças.
- Mais freqüente no sexo feminino, entre 30-40 anos de idade
- Disseminação mais comum é por via linfática

Principais tipos histológicos: Carcinoma papilífero clássico
                                                            Variante folicular do carcinoma papilífero
Geralmente este carcinoma cresce lentamente, infiltra e se estende para linfonodos regionais do pescoço (isso não indica pior prognóstico). O tumor apresenta características mais agressivas após os 50 anos; e o órgão mais afetado por metástase é o pulmão, seguido dos ossos e do SNC.

Manifestações clínicas
Na maioria das vezes o paciente se encontra eutireoideo, com massa de crescimento lento e indolor, e a presença de linfonodo palpável sugere carcinoma pailífero.
Casos avançados: sintomas compressivos como disfagia e rouquidão

Diagnóstico
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) + citologia do material obtido
TC e RNM são indicadas para complementar a avaliação em pacientes com doença local extensa.

Carcinoma Folicular
- É mais comum no sexo feminino
- Relaciona-se com áreas deficientes em iodo (maior estímulo do TSH > glândula)
- A principal disseminação é por via hematogênica, acometendo principalmente os ossos, pulmão e fígado. Por isso geralmente não há acometimento de linfonodos.

Existem dois (2) tipos de carcinoma folicular:
  1. Tumores minimamente invasivos, de baixo grau e encapsulados
  2. Tumores angioinvasivos de alto grau (atravessa a cápsula e há invasão vascular)



Manifestações clínicas
Apresentam-se como nódulos solitários de rápido crescimento ou podem apresentar dor por hemorragia em seu interior.

Diagnóstico
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) + citologia não são suficientes. Há a necessidade de invasão capsular ou angioinvasão. Por isso muitas vezes não há o diagnóstico de malignidade no pré-operatório.

Estadiamento (incluindo os dois)
São usados o escore AMES (idade/ metástase à distância/ extensão do tumor/ tamanho do tumor) e o AGES (idade/ grau patológico/ extensão/ tamanho)


Baixo risco
Alto risco
Idade
< 40 anos
>40 anos
Sexo
Feminino
Masculino
Extensão
Tumor confinado/
sem invasão capsular
Extensão/invasão
capcular
Metástase
Ausência de
metástase
Metástase regional/
distância
Tamanho
< 2cm
> 4cm
Grau
Bem diferenciado
Pouco diferenciado


Tratamento é sempre cirúrgico!
- A tireoidectomia pode ser parcial, quase-total ou total.
- Dissecção de linfonodos
> Pós Tireoidectomia Total
Baixo risco > USG 6/6meses
Alto risco > radioablação

Carcinoma de células Hurthle
Este envolve uma variedade menos diferenciada e mais agressiva do que o carcinoma folicular, sendo mais comum em pessoas de idade mais avançada. Metástase para linfonodos regionais é freqüente e o tratamento é cirúrgico (igual ao carcinoma folicular).

Carcinoma Medular da Tireóide (CMT)
- Representa5-10% dos tumores malignos
- Consiste em neoplasia de células C (parafoliculares), produtoras de calcitonina
- Mais comum entre 50-60 anos de idade – unilateral
- Encontra-se também na Síndrome de neoplasia endócrina múltipla (NEM) – bilateral
- O CMT apresenta invasão local, linfática e hematogênica (pulmão, fígado e ossos acometidos)

A calcitonina produzida pelas células C, encontra-se elevada no plasma, funcionando como triagem pré-operatória e para avaliar recidiva no pós-operatório.

Manifestações clínicas
- Massa palpável
- Doença localmente avançada pode levar a rouquidão, disfagia e sinais de comprometimento respiratório.
- Alguns apresentam diarréia, devido mais secreção jejunal de água e eletrólitos induzida pela calcitonina.
- Na síndrome da neoplasia endócrina múltipla pode-se encontrar hipertensão, hipercalcemia e cálculos renais

Diagnóstico
- Presença de massa palpável  + níveis elevados de calcitonina
- PAAF (punção por agulha fina) confirma o diagnóstico
- História familiar para NEM

Tratamento
Tireoidectomia total sempre é indicada + lindadenectomia.
Acompanhamento – dosagem de calcitonina sérica seis (6) meses após a cirurgia (doença residual). Calcitonina >100pg/ml podem indicar doença residual ressecável na região cervical ou metástases à distância, sendo o fígado o mais acometido.

Carcinoma Anaplásico (Indiferenciado)
- É o tumor de maior agressividade, apresentando sobrevida de 6 meses.
- Tem relação com áreas deficientes de iodo.
- Mais comum em pacientes > 60 anos.
- Extremamente invasivo, acometendo toda a tireóide e estruturas vizinhas em poucos meses. A disseminação ocorre por via linfática e hematogênica para linfonodos cervicais, cérebro, pulmão e ossos.
- A maioria desses tumores origina-se de CA tireoidianos diferenciados.

Clínica – Disfagia, disfonia e dispnéia.

Diagnóstico
- Há história de nódulo tireoidiano que aumentou de volume e/ou tornou-se doloroso.
- Palpação – aderido a estruturas vizinhas e pode estar ulcerado
- PAAF + citologia
- Imunohistoquímica é usada para o reconhecimento de tumores muito indiferenciados e para distingui-los do CMT e do linfoma.
- Antígenos pesquisados – tireoglobulina (carcinoma anaplásico)
                                            antígeno linfocitário (linfoma)
                                            calcitonina (CMT)

Tratamento
Não traz bons resultados, mas a traqueostomia deve ser realizada após a confirmação do diagnóstico para prevenir asfixia por invasão traqueal. E deve ser seguida de radioterapia hiperfracionada e quimioterapia.
A tireoidectomia não é indicada devido a característica invasiva do tumor.
Obs: Na maior parte dos casos o paciente vem a falecer de doença metastática disseminada.

Linfoma
- São tumores raros, sendo na maioria não-Hodkin
- Mais comum em mulheres, e por volta dos 70 anos de idade
- Apresenta associação com a tireoidite de Hashimoto
- Tipo mais comum: linfoma B de grande células
Na maior parte dos casos, o tratamento é restrito à quimioterapia. Somente quando o tumor ainda não atravessou a cápsula, a tireoidectomia obtém sucesso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário